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Para a 12ª edição da Maratona do Porto EDP deste domingo, 8 de Novembro, estavam como que prometidos dois recordes nacionais, o de finalizadores da prova dos 42195m e o do percurso, neste caso significativo da obtenção da melhor marca em solo nacional com condições de homologabilidade. Foi só um o recorde batido, mas este facto não retira à prova o cariz de enorme êxito que a todos deixou satisfeitos, já que pela primeira vez uma maratona em Portugal teve mais de 4500 pessoas a terminarem a corrida. O anterior máximo nacional vinha da edição do ano passado no Porto, com 4042 unidades na meta, desta feita o número final atingiu 4558 pessoas, tendo feito da Maratona do Porto uma festa extraordinária de luz e cor.
Acreditava-se que a barreira das 5 mil pessoas poderia ser atingida mas o evento defrontou-se com uma “adversário” inesperado. O forte calor que sábado imperou na Invicta e arredores transitou da mesma maneira para domingo e se quando a corrida começou, às 9h da manhã, ainda prevalecia alguma frescura, rapidamente os termómetros foram subido e no final tínhamos de novo 24 graus aferidos pelo mercúrio, o que veio a atrasar sobremaneira os tempos finais da elite e a provocar muitas desistências entre os atletas de pelotão.
De outro ponto de vista, o do puro espectáculo, o sol de quase Verão proporcionou belas imagens, reforçadas pelo novo percurso da prova, com saída e chegada no queimódromo anexo ao Parque da Cidade e o Atlántico de um azul profundo em pano de fundo, e depois com a água do Douro a caminho da Foz como um autêntico espelho resplandecendo rara beleza.
A corrida masculina tinha mais nome de realce do que a feminina quanto a atletas estrangeiros e estes fizeram pela vida desde o tiro de partida. Rapidamente ficaram só africanos na frente, acompanhados por Rui Pedro Silva enquanto este fazia a sua Family Race de 15km, liderados quase sempre pelo eritreu Kidane Tadasse, irmão do recordista mundial da meia maratona Zersenay Tadese. Este veio fazer de lebre e acabou por exagerar bastante no início da corrida, já que os 10km foram passados em 30m44s e a meia maratona em 64m08s. De maneira linear poderia esperar-se um tempo final abaixo das 2h08m, o que seria estrondoso, mas a verdade é que tal ritmo não constituiu o julgamento ideal para se cumprir numa segunda metade em que forçosamente o calor viria a fazer estragos. E tanto assim foi que mesmo o vencedor acabou por protagonizar essa segunda metade praticamente dez minutos mais lenta que a primeira!
Este vencedor foi o queniano Gilbert Kollum Koech, que assim elevou para onze o número de triunfos do seu país no sector masculino no evento. Koech fugiu ao também cotado compatriota Jacob Cheshari mal se tinha transposto a Ponte de D. Luís para o lado de Gaia e pelos 25km de prova. Por essa altura ainda andava forte, mas mais para diante acabaria também por pagar tributo às difíceis condições e os quilómetros finais foram mesmo penosos, tendo o africano levado mais de oito minutos para cumprir os derradeiros 2195m, para terminar com 2h14m04s. Ainda assim a sua vantagem foi gigante, já que Cheshari acabou com 2h18m15s a mais de quatro minutos, enquanto o etíope Gemechu Worku fechava o pódio com 2h19m15s.
Stephen Tum, o queniano que veio a seguir, acabou tão esgotado que teve de receber assistência médica logo que transpôs a meta e acabou em sexto, mesmo atrás de Paulo Gomes (2h23m13s). Este, embora longe de poder aspirar a um mínimo olímpico, beneficiou a quebra de muitos africanos que iam adiante de si e foi de longe o melhor português.
A razia que o calor provocou entre os fundistas estrangeiros permitiu a vários outros portugueses ficarem no top-ten, com José Carvalho em oitavo (2h36m02s), Carlos Lopes em nono (2h37m20s) e Luís Pereira (2h38m05s) logo a seguir.
A corrida feminina não teve muita história, porque as duas quenianas de apelido Kosgei, que se estreavam na maratona, tiveram desempenhos bem diferentes - Brigid Kosgei cedo se isolou, Everline Kosgei igualmente cedo se atrasou, e entre ambas vieram a caber duas portuguesas, Joana Nunes e Rosa Madureira. Brigid Kosgei fez a prova quase totalmente a solo, só com a acompanhai de um atleta de pelotão que lhe foi como que o anjo da guarda. Mas mesmo assim a queniana teve períodos de quebra alternados com novos assomos de ânimo, e faria um tempo final discreto de 2h47,59s para um triunfo ainda assim largo.
Joana Nunes (2h51m45s) superiorizou-se a Rosa Madureira (2h55m50s) com um bom final, subindo do quinto lugar do ano passado para segunda; Rosa, por seu lado, tinha sido quarta em 2013 e 2014, agora chegou ao pódio mas um tempo dez minutos, ou mais, mais lento que então.
As corrida da Family Race tiveram o condão de mostrar um Rui Pedro Silva a recuperar após um período de lesão e o seu triunfo foi muito claro, enquanto Doroteia Peixoto se impunha no lado feminino.
Enfim, todo o evento foi de facto uma grande festa popular e a Maratona do Porto continuou a ser a maior de Portugal, e por números alargados.
Agora quanto ao tempo, temos esta ironia. O ano passado a véspera da prova foi marcada por um dos mais fortes vendavais recentes vistos no Porto, pondo muita coisa em questão quanto à organização, embora ao fim e ao cabo tudo não tenha passado de um susto. Desta vês o Verão voltou em Novembro para aquele que foi o segundo “recorde” da prova, ou seja, fazer-se no Porto uma maratona no dia oito do mês onze com quase 25 graus…